terça-feira, 11 de janeiro de 2011

vais agora caminhar pelo mundo...

«(…) Queria ir ao encontro do gerente, que, em pose ridícula, estava já no patamar da escada, agarrado com ambas as mãos ao corrimão. Mas, ao tentar encontrar um apoio, caiu imediatamente, com um pequeno grito, sobre as muitas patas. Mal isto aconteceu, sentiu, pela primeira vez nesta manhã, uma sensação de bem-estar físico: as perninhas estavam bem assentes no chão, obedeciam perfeitamente, como ele, para sua alegria, pôde constatar. Até sentia como elas estavam dispostas a levá-lo aonde quisesse ir, e convenceu-se de que a cura definitiva de todos os seus males estava próxima. (…)»

(“A Metamorfose”, Franz Kafka)

“(…) Até sentia como elas estavam dispostas a levá-lo aonde quisesse ir (…)”  
Vais agora caminhar pelo mundo… Por onde andas e o que encontras?















Chagal

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

mas é preciso arriscar...

 « (…) Já sete horas”, disse para consigo ao ouvir de novo o despertador, “já sete horas e um nevoeiro destes.” E durante uns instantes ficou quieto, respirando baixinho, como se esperasse do silêncio absoluto a reposição da situação real e natural. (…) preparou-se para balançar o corpo a todo o comprimento, fazendo-o cair assim de uma vez de cima da cama. Se se deixasse cair desta maneira, a cabeça, que ele levantaria ao máximo ao tombar, não devia sofrer nada. As costas pareciam ser duras, e não lhes aconteceria nada se caíssem em cima do tapete. O que mais o preocupava era a ideia do estrondo que isso iria provocar, e do susto, ou pelo menos da preocupação que tal baque iria causar atrás de todas as portas. Mas era preciso arriscar. (…)» (“A Metamorfose”, Franz Kafka)

Mas é preciso arriscar... e tu, o que estás disposto a arriscar?


'Almoço na Relva'. Pablo Picasso, 1961

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

um acordar diferente

“Um dia de manhã, ao acordar dos seus sonhos inquietos, Gregor Samsa deu por si em cima da cama, transformado num insecto monstruoso.
Estava deitado de costas, sentia a carapaça dura e, ao elevar um pouco a cabeça, via a barriga arredondada, de cor castanha, dividida em faixas rígidas arqueadas, e no alto dela a coberta da cama em equilíbrio instável, quase a resvalar.
As muitas pernas, penosamente finas em comparação com a sua actual corpulência, tremiam diante dos seus olhos perplexos. (…)”

“A Metamorfose”, Franz Kafka


Hoje acordaste diferente... o que é que em ti está diferente?

"Metamorfose de Narciso", Salvador Dali - najornada.wordpress.com